Querida Mamãe,

Gostaria muito de ter lhe escrito antes,
agora já não sei se poderá me ouvir.
Fiz de minha vida um enorme palco,
sem atores, para a peça em cartaz.
Conheci tantos lugares, tantas pessoas,
mas nenhum conhecimento adquiri.
Durante um tempo, sonhei ser alguém,
Durante um tempo, delirei ser alguém.
Hoje vejo que fui só mas um, um ser imperfeito,
que sorriu, que fez alguém feliz, que já agradou alguém,
que chorou e fez tantos chorarem,
tantas vezes me excedi, tantas vezes magoei.
Muitas vezes sorri, mas poucas vezes esses sorrisos chegaram até meus olhos,
até meu coração.
Deveria ter amado mais, ter perdoado mais,
mas agora não há mais tempo para consertar.
Esta guerra tira minha vida, e a de tantos outros.
Guerra esta que não sei para que serve,
não sei de que lado estou, não sei ao menos quais são os lados,
o que eles querem, quem está certo ou quem está errado.
Sei apenas o que vejo, e vejo apenas destruição, dor e morte.
Todo mundo vê meu olhar triste, mas todo mundo está cansado de ver isso.
Me pergunto para que tudo isso,
como pude chegar até tal ponto?
Não vejo significado algum nestas batalhas desenfreadas,
Que desolam o mundo pouco a pouco.
Agora meu único sonho é de que minha filha não siga meu exemplo,
espero que ela plante flores,
construa seu próprio jardim,
sendo verdadeiramente feliz.
Desejo de todo o meu coração que as pessoas ao redor dela sigam seu exemplo.
Mamãe, sei que apenas você se lembrará de mim,
assim como quando eu era criança
e você rodeava todos os meus passos.
Enquanto vivia em seu mundo, eu fui feliz.

Com Amor,

Alex

"E se for roubar minha solidão que me ofereça verdadeira companhia." Nietzsche.